Texto produzido na disciplina de Linguagem e Texto Jornalístico V, sob a orientação das professoras Tattiana Teixeira e Janaíne Kronbauer.

Estou a caminho de um compromisso, utilizando o transporte público da cidade. Apesar de fazer frio em Florianópolis, o ar está quente dentro do ônibus. Os fones em meus ouvidos silenciam alguns pensamentos meus ao som de uma música de pop coreano.
Olho pela janela o céu cinzento ao final de tarde. Quando me viro para a frente, vejo uma garota digitando em seu celular. Ela também estava usando fone. Seus cabelos escuros com pequenas mechas coloridas me chamam a atenção. Rosa. Essa é uma cor da qual sempre quis pintar meu cabelo.
Ela carrega consigo uma mochila preta cheia de broches. É possível ver um da bandeira bissexual, outro de um personagem de uma animação japonesa de que eu também gosto. O outro cuja “estampa” posso enxergar mostra um dos meus cantores favoritos, do grupo que canta a música que ecoa dentro da minha cabeça no momento.
Temos tanta coisa em comum. Poderíamos ser amigas? Será que ela gosta de cachorros? Qual seu curso na faculdade ou com o que deseja trabalhar? Quais são seus sonhos para o futuro?
Essas perguntas martelam em minha cabeça baseadas apenas em três broches e mechas coloridas. Nunca tínhamos nos encontrado antes pela cidade, apesar de todas as coisas em comum. Será que ela sempre pega esse mesmo ônibus, nesse mesmo horário? Não teria como eu saber, normalmente não pego esse ônibus nesse horário.
Enquanto eu pensava sobre isso, ouço o barulho para solicitar uma parada. A menina apertou o botão. Após alguns segundos, o transporte parou no ponto e a garota desceu. Fiquei um pouco… triste?
Triste porque não tive coragem de comentar o quanto tinha gostado do cabelo dela e de seus broches? Triste por não saber se irei encontrá-la de novo? Ou será porque não iremos construir a amizade perfeita que idealizei na minha cabeça nesse pequeno trajeto do ônibus?
Umas cinco pessoas entraram no ônibus após a saída da minha amiga de outro universo. Continuamos a andar até o meu destino. Voltei a olhar pela janela. O céu mais cinza do que antes e agora pequenas gotas de chuva apareciam no vidro do ônibus. Acho que até a cidade estava triste pela não-amizade entre a garota dos broches e mechas coloridas e eu.
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