Olívia Geleilete

O Teatro Álvaro de Carvalho apresentou pela primeira vez o espetáculo Homens Pink, do artista Renato Turnes. A performance aconteceu no último sábado (28), Dia Internacional do Orgulho, às 20h, como forma de celebrar a comunidade LGBT+.
A performance é baseada no depoimento de nove homens gays com mais de 65 anos e aborda as diferentes maneiras de vivenciar e expressar a homossexualidade, desde a infância até a terceira idade.
Homens Pink é um projeto da La Vaca Companhia, viabilizado pelo programa de patrocínio Rumos Cultural Itaú. Além do espetáculo teatral, integra um filme documentário. Renato conta que a ideia surgiu de um desejo pessoal, de encontrar os homens que o inspiraram na adolescência. “Eu tinha chegado aos 40 anos, comecei a refletir sobre como seria o meu futuro”, afirmou.
Com uma encenação repleta de figurinos brilhantes, o artista arrancou risadas da plateia e foi aplaudido de pé. Renato conseguiu abordar com humor as dificuldades enfrentadas por homens gays, como o preconceito, o abandono familiar e a marginalização.
A epidemia da Aids, que teve início nos anos 1980, também foi retratada. De acordo com o artista, a sociedade usou a doença como pretexto para estigmatizar e enquadrar a comunidade em uma realidade fadada à morte. “Sou de uma geração que começou a vida sexual e afetiva durante a epidemia, era como uma profecia, eu achava que ia morrer”.
Renato ressaltou que, além do preconceito, a epidemia gerou um pulo geracional, pois muitos homens gays morreram devido à doença. Ele explicou que a peça combate o etarismo e resgata, pelos olhares de quem a viveu, a memória perdida da comunidade, despertando nas novas gerações a ideia de pertencimento e orgulho.
“Era eu no palco, contando a minha história”, falou um dos nove senhores que inspiraram a peça, Paulinho Gouvêa, após assistir à performance. Paulinho acredita que o espetáculo educa sobre a comunidade LGBT+, colaborando para a construção de uma sociedade mais respeitosa. “Foi fantástico, até chorei”.
O documentário foi lançado em 2020, mas a peça estreou apenas em 2022, devido à pandemia de covid-19. Durante os três anos que esteve em cartaz, o espetáculo teve temporadas de apresentação em diversas cidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.

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