Companhia de dança representa UFSC no Festival de Joinville

Três coreografias do grupo serão apresentadas em um dos maiores festivais de dança do mundo, em julho

Júlia Graboski

Texto produzido na disciplina de Linguagem e Texto Jornalístico II, sob a orientação da professora Daisi Vogel.

Ensaio de jazz da Companhia de Dança da UFSC. (Foto: Julia Graboski)

Pela primeira vez, uma companhia oficial de dança irá representar a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Festival de Dança de Joinville, considerado um dos maiores do mundo. A Companhia de Dança da UFSC, criada em novembro de 2023, foi idealizada pelas professoras Cristiane Ker de Melo e Eliane Debus, como resposta à crescente demanda por apresentações artísticas em eventos universitários e à ausência de um grupo institucional dedicado à dança.

Embora a UFSC já contasse com grupos de teatro e coral, a dança ainda não tinha um espaço estruturado dentro da universidade. O grupo surgiu como um projeto de extensão vinculado à Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SeCArtE) e busca não apenas suprir essa lacuna, mas também criar um espaço de valorização e formação para os estudantes bailarinos, que transitam entre cursos como Artes Cênicas, Farmácia e Educação Física.

“A companhia foi pensada como um espaço coletivo de criação. Temos bailarinos com diferentes formações, do balé ao flamenco, do jazz à dança contemporânea, e a ideia sempre foi que todos participassem ativamente das decisões e construções artísticas”, explica Bruna Letícia de Borba, atual coordenadora das atividades práticas da companhia, doutoranda em Educação Física pela UFSC.

Com um modelo de liderança coletiva, a Companhia de Dança aposta na construção colaborativa de suas coreografias e na valorização das individualidades dos bailarinos. “Desde a seleção dos integrantes, que envolveu entrevistas, envio de vídeos e uma audição, buscamos a diversidade técnica. Isso permitiu que cada um contribuísse com o que sabe e aprendesse com o outro”, conta a coreógrafa.

A estreia será no Palco Aberto do Festival de Joinville, que acontece do dia 21 de julho ao dia 2 de agosto, em categoria não competitiva, mas altamente seletiva. Das quatro coreografias enviadas, três foram selecionadas para se apresentar no evento, um conjunto com os 15 integrantes do grupo e dois solos, um de jazz e outro de danças populares.

A coreografia de grupo foi construída a partir da música “Louvada seja a dança”, do artista local Gabriel Rosa, cuja letra é inspirada em uma oração de Santo Agostinho. “Era importante que a nossa primeira coreografia em conjunto tivesse significado. Queríamos algo que falasse sobre entrega, corpo em movimento e espiritualidade da dança. E essa música trouxe tudo isso”, explica Bruna.

Nos solos, há o de Elerson Mario, baseado na lenda da Matinta Perera, e o de Júlia D’Acampora, inspirado no conto Ela, do livro Nós, de Salim Miguel. Ambas as coreografias foram criadas com participação ativa dos bailarinos e contam com forte base literária e cultural. Para Elerson, a participação é a realização de um sonho antigo. “Desde a primeira vez que ouvi falar do festival, disse a mim mesmo: um dia estarei lá. Hoje, estou vivendo esse momento”, afirma.

Além da conquista pessoal, Elerson destaca a importância coletiva da participação. “É uma oportunidade de mostrar o talento e a potência criativa que existem dentro da universidade. Somos muitos, e merecemos visibilidade.”

A trajetória até Joinville não tem sido fácil. A companhia conta com apoio financeiro limitado, vindo principalmente da SeCArtE, que garante bolsas para 10 dos 15 bailarinos e para Bruna, que utiliza da companhia como seu estágio. A secretaria também subsidia o transporte do grupo.

No entanto, ainda faltam recursos para itens essenciais como figurinos e suporte técnico de iluminação. “A gente faz escolhas o tempo todo. Optamos por priorizar Joinville, abrindo mão de outras atividades para viabilizar essa participação”, conta a professora.

Mesmo com as dificuldades, a equipe celebra cada conquista. “Ano passado fomos como espectadores. Saímos de lá dizendo: ano que vem, a gente vai estar no palco. E conseguimos com muita dedicação e afeto”, afirma.

A participação da UFSC no Festival de Joinville simboliza mais do que uma apresentação artística. É o resultado de um projeto que une formação acadêmica, extensão universitária e paixão pela arte. Para muitos dos bailarinos, será a primeira vez em um dos maiores festivais de dança do mundo. “O festival é um grande encontro de pessoas que respiram dança. Estar lá, dividir o palco com gente de todo o planeta, é uma experiência transformadora. E é isso que queremos proporcionar aos nossos estudantes: pertencimento, visibilidade e crescimento”, diz Bruna.

Com as três apresentações previstas para julho, a Companhia de Dança da UFSC leva para Joinville não só sua técnica, mas também a força de uma proposta que coloca o coletivo e o sentido da arte no centro da cena.


Julia Graboski

Estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, adora fotografia, cinema e literatura.

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