Exposição fotográfica revela olhar das crianças moradoras do Morro do Mocotó sobre o lugar onde moram

“Favelagrafia: a comunidade pelos olhos de quem a vive” provoca o observador a enxergar o Morro do Mocotó para além dos estereótipos

Jéssica Schmitt

Exposição “Favelagrafia: a comunidade pelos olhos de quem a vive” (Foto: Jéssica Schmitt)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Espaço Gênero e Diversidade, recebe a exposição “Favelagrafia: a comunidade pelos olhos de quem a vive”. A mostra ficará exposta até 16 de maio e conta com 30 fotografias tiradas por crianças moradoras do Morro do Mocotó, com curadoria delas próprias, contando com o auxílio da museóloga Mariana Mendes. 

A abertura da exposição ocorreu na terça-feira (13), com uma roda de conversa sobre o início do projeto com alguns dos integrantes do Desterro – Observatório de Violência em Florianópolis: Gabriele Oliveira, jornalista pela UFSC, Rodrigo Barbosa, fotógrafo e jornalista pela UFSC, Warley Alvarenga, jornalista pela UFSC, e Bruno Ruthe, designer gráfico formado no Centro Universitário de Brasília (CEUB). O evento também teve a participação da museóloga Mariana Mendes e a pedagoga da Instituição parceira do projeto, Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM), Manuela Falcão.

O projeto surgiu em 2023. Mas, antes dele, Manu, professora das crianças e adolescentes, criou um mapa do Morro do Mocotó construído pelas próprias crianças. De acordo com a pedagoga, existia uma ausência de representatividade no que elas viam e consumiam. “Elas entravam na internet, pesquisavam ‘Morro do Mocotó’ e ficavam indignadas porque não existia informação do lugar em que moram além das notícias sobre tragédias”.

Nesse sentido, o projeto nasce do entendimento da criança como um sujeito de direitos, criadora e pertencente ao lugar e a sua cultura. A partir disso, as oficinas de fotos que resultaram nas peças da exposição ocorreram em três momentos, com o financiamento do Fundo Brasil, em 2024. O trajeto não foi predefinido e as crianças e adolescentes ficaram livres para tirar as fotos que queriam do jeito que desejavam. “A gente só ensinou o básico de fotografia, o resto era com elas”, relata Rodrigo. 

Depois, com as fotos já selecionadas pelas crianças e com o encaminhamento do projeto, surge a curadoria, com a orientação da museóloga Mariana Mendes. Segundo ela, “dentro do museu, é tudo tão congelado, frio. A produção da exposição de fotos das crianças foi totalmente diferente, foi trabalhar com gente de verdade. Completamente humana”.

A exposição convida a população para “abrir os olhos e enxergar o Morro do Mocotó”, sem estereótipos e preconceitos, através das lentes das crianças moradoras da comunidade.


Jéssica Schmitt

Estudante de Jornalismo na UFSC. Meus gostos variam entre literatura nacional, cinema e esoterismo.

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