Documentário palestino “Sem Chão”, vencedor do Oscar, tem exibição gratuita em Florianópolis 

Após cancelamento do debate no Paradigma, Frente Palestina Livre de Santa Catarina responde com exibição gratuita

Documentário tem direção dos palestinos Basel Adra e Hamdan Balal e dos israelenses Rachel Szor e Yuval Abraham. (Foto: Reprodução/FilmFreeway)

A Frente Palestina Livre de Santa Catarina exibiu na terça-feira (14) o documentário Sem Chão (2025), no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. A exibição, gratuita, foi seguida por roda de conversa com Serena Butera, que participou da produção do  documentário, e com Vanessa Salum e Muhamad Husein, da Frente Palestina. 

As 140 cadeiras da sala Gilberto Gerlach do CIC foram poucas para o público. Segundo os organizadores da exibição, todos os lugares, juntamente aos outros 80 assentos da sala adicional no Museu da Imagem e do Som (MIS), foram ocupados. Ainda assim, muita gente ficou sem ver o filme por falta de lugar.

Da esquerda para direita, professor Muhamad Husein, professora Vanessa Salum e Serena Butera. (Foto: Vanessa Salum)

Serena Butera, que participou da produção do documentário, relatou como foi a experiência e afirmou que “os palestinos são pessoas, são seres humanos, como todos nós, eles não têm nada a ver com esse conflito, eles não pertencem a esse conflito. A única coisa que eles querem é viver em paz, como todos nós”.

Sem Chão (2025) conta uma história de violência, física e emocional, sobre ocupação e apartheid, sobre o domínio militar israelense na Cisjordânia sob o qual as vidas palestinas são forçadas a viver. É sobre a realidade que Israel há décadas tenta apagar, sobre a resistência dos palestinos diante do despejo de suas próprias casas. 

Basel Adra, jornalista palestino e diretor do documentário, em seu discurso na premiação do Oscar, declarou que a obra “reflete a dura realidade que vivemos e resistimos há décadas, enquanto pedimos ao mundo que tome medidas sérias para acabar com a injustiça e com a limpeza étnica do povo palestino”.

A roda de conversa no CIC surgiu como resposta ao cancelamento do debate que haveria no cinema Paradigma há duas semanas. Em 26 de março, o Paradigma anunciou que em 2 de abril, dia da estreia do documentário em sua grade, realizaria um debate após a exibição. Um dia antes, porém, ele foi cancelado com a explicação de que o cinema estaria preservando a segurança de todos os envolvidos. 

Para Muhamad Husein, que estava no debate no CIC e que comporia também a mesa do debate no Paradigma como convidado, o cancelamento foi um gesto de censura. Além dele, estavam anunciadas as presenças de Vanessa Salum, da Frente Palestina, como debatedora, e de Felipe Didoné, diretor do cinema Paradigma, como mediador.

Didoné é conhecido em Florianópolis como empresário que atua na Rá Incorporações, empresa responsável pelo Corporate Park, localizado na SC-401. A equipe do Caderno Expressões fez contato com sua assessoria e enviou perguntas sobre os motivos do cancelamento, mas não recebeu as respostas.

A postagem do cinema Paradigma anunciando o cancelamento do debate gerou  repercussão e muitos comentários em redes sociais. No entanto, no dia da exibição do documentário, 2 de abril, a publicação foi removida e não está mais acessível. 

Prints de tela do post antes e depois de arquivado ou excluído. (Foto: Iara Lima)

Atualizado em 17 de abril de 2025.


Jéssica Schmitt

Estudante de Jornalismo na UFSC. Meus gostos variam entre literatura nacional, cinema e esoterismo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *