Raissa Hübner

Florianópolis elegeu uma bancada de vereadores pouco representativa para a Câmara Municipal nas eleições de 6 de outubro. Dentre os 23 eleitos, há um preto, um pardo e uma indígena, que também integra uma das únicas quatro mulheres. “Na ausência de inclusividade, pode ser que determinados temas não ganhem a agenda pública e não se transformem em projetos de lei”, explica o cientista político Julian Borba.
A baixa representatividade na Câmara de Vereadores não é novidade para a capital. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições locais de 2020, Florianópolis foi a única capital brasileira que só elegeu vereadores brancos, mesmo tendo a maior população negra do estado, com 35,8 mil pessoas, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2024 , Florianópolis teve 70 candidatos a vereador pardos e pretos, totalizando 22,7% dentre os 308 concorrentes. O eleitorado autodeclarado pardo ou preto no município totalizou 9,8 mil. Mesmo assim, os moradores elegeram apenas um pardo, Claudinei Marques (Republicanos), e um preto, Bezerra (MDB), ambos autodeclarados.
Nestas eleições, 95 eleitores se autodeclararam indígenas na capital. Dentre as duas candidaturas indígenas, apenas uma se elegeu: Ingrid Sateré-Mawé (Psol). Ingrid é uma entre as quatro mulheres que formarão a bancada de vereadores. As outras três são Manu Vieira (PL), Carla Ayres (PT) e Pri Fernandes Adote (PSD). Os votantes tiveram 84 candidatos homens a mais do que candidatas mulheres para escolher.
O cientista político Julian explica que a inclusão é importante para que as demandas de diferentes grupos estejam presentes nas legislações do município. “Quanto mais representativa for a bancada, mais inclusiva ela vai ser”, esclarece Julian.
Publicado em O Fatual em 18/10/24
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