BU da UFSC retoma atividades externas após mais de 100 dias fechada

Cerca de 85% dos servidores da biblioteca aderiram à greve nacional dos servidores técnico-administrativos em educação

 Lívia Goulart

Usuários voltam a utilizar a BU depois de quase quatro meses em greve. (Foto: Lívia Goulart)

Fechada por 119 dias, a Biblioteca Universitária (BU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), localizada no campus Trindade, em Florianópolis, reabriu nesta terça-feira (9). O motivo do fechamento foi a adesão de aproximadamente 85% dos servidores da biblioteca à greve nacional dos trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs), o que representa 100 dos 118 funcionários.

A greve teve início em 11 de março e encerrou oficialmente na sexta-feira (5), com a assinatura do termo de acordo entre TAEs e a reitoria da Universidade.

Nacionalmente, a mobilização encerrou com o acordo com o governo federal assinado em 27 de junho, em Brasília, pela Fundação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Pública do Brasil (Fasubra), entidade federal que representa a categoria.

O retorno dos TAEs ao trabalho estava previsto para a segunda-feira (8). As atividades externas da BU, contudo, retornaram na manhã desta terça-feira. O expediente de segunda-feira foi utilizado para reuniões e atividades internas, para organização do atendimento e priorização de demandas entre os trabalhadores da biblioteca.

Durante a paralisação, apenas as salas individuais de estudo da BU estavam abertas à comunidade acadêmica, com acesso externo administrado por trabalhadores terceirizados da equipe de segurança. 

A estudante de Matemática Tamiris Eufrásio alega que o fechamento da biblioteca foi impactante na vida de quem utiliza o serviço diariamente.

“Era difícil estudar, pois a sala de estudos individual era muito cheia. Principalmente para quem faz graduação em horário integral e mora longe da UFSC”, relata.

A Biblioteca Central (BC), no campus Trindade, recebe em torno de 3 mil usuários por dia. 

A diretora interina da BU, Thayse Hingst, afirma que as salas individuais receberam grande procura durante a greve. “A falta de espaço de estudo foi o que mais impactou os alunos durante a paralisação’’, diz.

Thayse salienta que os acadêmicos que tinham empréstimo de livros desde o começo das férias, último momento em que a BU esteve aberta antes do início do semestre 2024/1, devem realizar a devolução até sexta-feira (12). Os usuários não receberam multa por atraso, visto que a renovação estava sendo feita semanalmente por ela durante a greve.

Segundo a técnica em restauração da BU, Verônica Orlandi, as reivindicações dos TAEs grevistas eram estruturais, financeiras e burocráticas. “Temos um regimento na BU e ele não é seguido pela reitoria”, afirma. Carência de acessibilidade, perda de orçamento para aquisição e restauração de acervo, falta de manutenção de ar-condicionado e estruturas precárias do teto foram os principais problemas apontados por Verônica.

Em algumas ocasiões a estrutura do teto da BC rompeu em decorrência de fortes chuvas. O último episódio foi em agosto de 2023, quando a biblioteca ficou fechada por um dia para manutenção. Atualmente, a mesma área está interditada.

Área com teto quebrado é interditada na BU da UFSC. (Foto: Lívia Goulart)

Entre 24 de maio e 28 de junho o espaço foi ocupado por alunos da Universidade. A ocupação foi organizada pelos integrantes do Centro Acadêmico de Biblioteconomia da UFSC (Cab). Os estudantes reivindicavam melhores condições de infraestrutura e qualidade de ensino nos laboratórios da biblioteca.

A ocupação foi encerrada com um acordo comum entre os membros do movimento e a Prefeitura Universitária, que garantiu, por meio de ofício, medidas para a melhoria na estrutura do espaço. 

“O movimento de ocupação foi importante para a garantia de reestruturação da Biblioteca Central e também para a conscientização da sociedade sobre sua importância”, destaca Allan Bezerra, estudante de Biblioteconomia e integrante do Comando da Ocupação da BC

O Prefeito Universitário, Hélio Rodack, afirma que, por hora, reformas não são previstas e somente reparos serão feitos.

“À medida que conseguirmos repor os serviços paralisados em função da greve, começaremos os serviços de manutenção’’, explica Rodack.


Publicado em O Fatual em 12/07/24

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