
Acordo no susto. Meu celular vibra exatamente às 8h30 na cabeceira. Como é domingo, me permito ficar mais um pouco na cama. Viro e me reviro nos meus lençóis brancos que precisam ser trocados, mas o sono se esvaiu. Pego o celular e desbloqueio a tela para continuar vendo os vídeos engraçados que me acompanharam até o adormecer da noite anterior. Lembro que é aniversário da minha avó e ligo para ela, ainda sem me levantar. Depois de beijos e o “bença vó”, meu dedo involuntariamente procura o aplicativo e volto para os vídeos.
TikTok.
Quando percebo, são 11h50. Hora de começar a fazer o almoço. É final de semana, penso eu, não quero comer a mesmice do arroz e feijão dos dias úteis. Pego um pacote de macarrão borboleta e uma caixinha de creme de leite quase vencida. Pesquiso rapidamente uma receita qualquer de molho branco e ligo o fogão. Enquanto a água ferve, lavo a pilha de louça do dia anterior e, sem perceber, cantarolo alguma musiquinha que vi num vídeo curto e que grudou na minha cabeça feito chiclete.
TikTok.
Já são 13h47 quando me deito no sofá para o sagrado descanso pós almoço. O som da televisão preenche o espaço, mas a programação de domingo está diferente. O Domingo Legal deu espaço para um jornal. Prefiro ficar no celular.
TikTok.
15h32. O horário do café da tarde se aproxima. Penso em ir à padaria. Saio de casa e vejo muita gente na rua. Estranho para um domingo. Durante o café, me dou conta do que está acontecendo. Me esqueci de um compromisso importante.
TikTok.
Ufa, 16h55. No limite. Achei que não ia conseguir chegar. Entro na cabine e percebo: não sei o que digitar.
TikTok.
Olhei para o celular: 17h em ponto. Votei. Em alguém que não me lembro quem. Acho que vi no TikTok.
Crônica produzida na disciplina de Linguagem e Texto Jornalístico V, sob a orientação da professora Beatriz Marocco.







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